MEDITAÇÃO FINAL VIA SACRA COMUNITÁRIA-25.03.2016 |
VIA SACRA COMUNITÁRIA – SEXTA FEIRA SANTA 2016-03-25 Calvário – Meditação e Palavra Final, Pelo Pároco
«TUDO ESTÁ CONSUMADO»
Só depois da entrega da Mãe ao discípulo e do discípulo à Mãe, é que obra de Jesus está concluída, a sua missão acabada e continuada agora em Maria e nos discípulos amados. Estamos no Calvário! Junto de Jesus e Maria, chamados a sermos nós agora como o discípulo amado: acolher Maria e confiarmo-nos a Maria, sinal da Igreja. Maria, anunciada no proto-evangelho, participou na História da Salvação no mistério da Encarnação. Antecipou a Hora de Jesus e da Igreja em Caná, agora e vai ser Ela – a Igreja de que Maria é sinal – a levar esta redenção a consumar-se na Humanidade até ao fim da Hora, do tempo, Ela que continua presente na Igreja como no Cenáculo, sempre a cuidar dos Irmãos de seu Filho.
Caros Irmãos, Paroquianos e estimados Irmãos Religiosos: Jesus hoje chamou-nos aqui, para nos entregar a Maria e para nos confiar também a sua Mãe, a santa Igreja. Eis o Caminho que consuma a História. Aqui, no Clavário, todos nos reconhecemos Irmãos de Jesus, tornados Filhos de Maria por testamento de Jesus, irmanados como Igreja, com e como Maria.
Estamos no coração da nossa Paróquia – o Calvário! No Coração do Ano Litúrgico, e no âmago do Ano Santo – a Páscoa do Senhor Jesus e sua Mãe, Maria e a Igreja. Estamos a celebrar os Cem anos das Aparições do Anjo em Fátima: 1916-2016. Preparando, com este Ano da Misericórdia, o Jubileu Fátima 2017 – Cem Anos. Fátima: Graça e Misericórdia, para a Igreja e para o Mundo. Há cem anos, mas sobretudo hoje. Irmãos e Amigos Paroquianos: escutemos mais uma vez S. João e o Testamento de Jesus. Só depois deste Testamento Vital Jesus morre tranquilo.
Do Evangelho de N. Sr. JC segundo S. João, 20 25Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. 26Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!» 27Depois, disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua. Morte de Jesus (Mt 27,45-56; Mc 15,33-41; Lc 23,44-49) – 28Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: «Tenho sede!» E o Bispo de Leiria-Fátima, eminente teólogo e pastor, relaciona assim o Calvário, a Igreja, o Ano da Misericórdia e o Jubileu Fátima 2017: «10. A Mãe junto à Cruz (Jo 19, 25-27): “Eis o teu Filho” Vamos agora até junto à cruz de Jesus e deixemos que seja o Papa Francisco a introduzir-nos no último dom do testamento de Jesus. (Diz o Papa Francisco, na Alegria do Evangelho,285):
“Na cruz, quando Cristo suportava em sua carne o dramático encontro entre o pecado do mundo e a misericórdia divina, pôde ver a seus pés a presença consoladora da Mãe e do amigo.
Naquele momento crucial, antes de declarar consumada a obra que o Pai Lhe havia confiado, Jesus disse a Maria: «Mulher, eis o teu filho!». E, logo a seguir, disse ao amigo bem-amado: «Eis a tua mãe!» (Jo 19, 26-27).
Estas palavras de Jesus, no limiar da morte, não exprimem primariamente uma terna preocupação por sua Mãe; mas são, antes, uma fórmula de revelação que manifesta o mistério de uma missão salvífica especial.
Jesus deixava-nos a sua Mãe como nossa Mãe. E só depois de fazer isto é que Jesus pôde sentir que «tudo se consumara» (Jo 19, 28).
Ao pé da cruz, na hora suprema da nova criação, Cristo conduz-nos a Maria; conduz-nos a Ela, porque não quer que caminhemos sem uma mãe; e, nesta imagem materna, o povo lê todos os mistérios do Evangelho. Não é do agrado do Senhor que falte à sua Igreja o ícone feminino. Ela, que O gerou com tanta fé, também acompanha «o resto da sua descendência, isto é, os que observam os mandamentos de Deus e guardam o testemunho de Jesus» (Ap 12, 17)” (EG, 285).
Junto à cruz, Maria oferece o Filho das suas entranhas, participa do amor misericordioso com que Ele Se oferece pela redenção de todos. Por este motivo, a sua maternidade divina, o amor de mãe de Jesus estende-se à Igreja e à humanidade.
Ela recebe a missão de acolher o discípulo amado e todos quantos ele representa como filhos e filhas. O discípulo amado é, na verdade, o símbolo da comunidade cristã, de cada um de nós enquanto discípulos amados do Senhor.
“Eis o teu filho”, “eis a tua mãe” – é dito para cada um pessoalmente. Aqui “está plenamente indicado o motivo da dimensão mariana da vida dos discípulos de Cristo... A maternidade de Maria que se torna herança do homem é um dom: Dom que o próprio Cristo faz a cada homem pessoalmente”(RM 45).
“Eis a tua mãe. E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua”.
Não se trata só do acolhimento na sua casa. Segundo o texto grego original, significa que acolheu Maria como mãe no mais íntimo da sua vida, no seu coração, na profundidade do seu ser, entre os bens mais preciosos, em todo o seu espaço vital.
Concluindo, Maria faz parte da Igreja e da vida de fé do discípulo como um bem precioso e um valor vital; A Igreja e cada fiel podem reconhecer nela a mãe que lhes foi confiada e a quem eles foram confiados. Isto suscita em nós o amor a Maria e convida-nos a deixarmos que este amor alimente o nosso amor a Cristo e à Igreja». (In – António Marto, Mãe da Ternura e da Misericórdia, 15 Set. 2015) ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- E um santo monge trapista, artista e contemplativo – S. Rafael Arnáiz Barón(1911-1938), canonizado por Bento XVI em 2009 – tendo conhecido todo o entusiasmo e conquistas barulhentas do Mundo, retirou-se para o silêncio e escreveu:
«O Filho de Deus rejeita a tentação de tomar outras vias e obedece à vontade de Seu Pai Também eu, quando estava no mundo, corria muitas vezes pelas estradas de Espanha, encantado por ver o velocímetro do meu carro marcar 90 Km à hora! Que disparate! Quando me apercebi de que não tinha mais horizontes, sofri a decepção típica daquele que tem a liberdade deste mundo, pois a terra é pequena e depressa lhe damos a volta. O homem está rodeado de horizontes pequenos e limitados. Para quem tem a alma sedenta de horizontes infinitos, os da terra não bastam: abafam-no, não há mundo que lhe chegue e só encontra o que procura na grandeza e imensidão de Deus. Homens livres que percorreis o planeta, não tenho inveja da vossa vida neste mundo; fechado num convento e aos pés do crucifixo, tenho uma liberdade infinita, tenho um céu, tenho Deus. Que sorte tão grande ter um coração apaixonado por Ele!» [...]
São Rafael Arnaiz Barón (1911-1938), monge trapista espanhol in: Este Jovem foi proposto como Patrono e modelo de várias Jornadas Mundiais da Juventude, sobretudo Madrid 2011.
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“Eis a tua mãe. E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua” E então só depois, tudo está consumado! Vivamos esta Páscoa, este sagrado Tríduo Pascal, com e como Maria – Mãe de Misericórdia, em Igreja como discípulos amados. Então tudo será consumado. Então as Famílias, este nosso Mundo, que grita e sofre os horrores da guerra, encontrará a Paz e concórdia! E a nossa vida será feliz e com sentido. Continuemos em Jejum e abstinência, sobretudo o Jejum dos sentidos. Evitando o Barulho que não faz Bem e buscando, em silêncio, Aquele Bem que não faz Barulho. Domingo acolheremos a Visita Pascal. E nunca faltará a Eucaristia e comunhão Pascal para toda a Família. Feliz Páscoa para todos. O Pároco: P. Alípio Barbosa |
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